quinta-feira, 30 de junho de 2011

Respeito os meus cabelos brancos.

Suely Oliveira (Foto: Henrique Lima)
Ainda não cheguei aos sessenta anos, mas estou me preparando para isso. E quero que seja da melhor forma possível. Quando envelhecemos não tem como conter o aparecimento de rugas, a menos que façamos uso dos inúmeros artifícios como cremes, laser, botox, preenchimentos ou cirurgias plásticas. Não é o meu caso. E pelo visto, também não é o da americana Cindy Joseph que virou modelo aos 49 anos, quando foi abordada na rua por um fotógrafo que a convidou para estrelar um anúncio da Dolce & Gabbana.
Ela diz algo bem interessante para explicar porque está sendo contratada:
"(Os anunciantes) não estão me contratando por preocupação em fazer uma declaração sociológica, e sim porque querem vender, e (a minha geração) ainda está comprando".
E isso se aplica inclusive ao Brasil, já que já somos um país de longevos.

Mas na prática ainda temos um longo caminho a galgar, já que a busca da "eterna juventude" ainda é muito forte em nossa cultura. Não é à toa que esse país é vice-campeão mundial em cirurgias plásticas. E isso é muito complicado porque pessoas de 50 anos ou mais não conseguem ter a face (e a expressão!) de 25 anos. E aí, o excesso de  lifting - que "levanta" o rosto ao puxar a pele, corta o excesso e recostura em pontos escondidos, geralmente atrás da orelha - cria aquela face-padrão, deixando muitas vezes as pessoas parecidas e com cara de bonecos de cera. Além disso, o uso contínuo do botox paralisa alguns músculos da face responsáveis por expressões como raiva, espanto e tristeza. Complicado.
Cindy Joseph (Fonte: uol)
Esse papo de cabelos brancos de vez em quando volta aqui no blog. O preconceito ainda é muito grande e a insegurança que toma conta das mulheres que decidem parar de pintar os cabelos para esconder os brancos é enorme.
O mito de que cabelo branco envelhece e de que devemos viver uma eterna juventude parece que estão sempre associados. Muitas mulheres acreditam que deixar os cabelos ficarem brancos tem a ver com relaxamento, baixa auto-estima e até decadência. Mas não tem nada a ver. Podemos ficar lindas, elegantes e até mesmo modernas com os nossos cabelos brancos.
Já comentei em outro post desse mesmo blog, o quanto as minhas amigas - pelo menos algumas delas - ficaram espantadas ao se depararem com os meus cabelos brancos. A renúncia às tintas comigo foi acontecendo aos poucos e eu fui gostando do que via. Aliviada e livre. Pintei os cabelos de muitas cores. Usei henna. Fiz balayage. Luzes. Diversos matizes de louro: louro-cinza, louro-louríssimo, louro-escuro... E já nem sabia qual era a verdadeira cor dos meus cabelos.

Por usar há muitos anos os cabelos claros, foi difícil notar a mudança. Mas eu estava disposta a mudar. E assim o fiz. Continuo cuidando de mim, da minha aparência, dos meus cabelos - agora totalmente brancos. E uso shampoo e condicionador para cabelos grisalhos, o que aos poucos vai retirando aquela cor amarelada dos cabelos brancos.
Às vezes acho graça do espanto de algumas pessoas que estão sem me ver há algum tempo e me reencontram no shopping, na fila do cinema ou até mesmo no supermercado.
É muito bom sair do script, quebrar padrões que estão de maneira tão forte arraigados em nossa cultura. Mulher não pode dizer a idade? Deve parecer mais jovem do que realmente é? Essa cobrança social de rejuvenescimento, de uma aparência eterna de juventude  eu não quero pra mim.
Quem quiser que o faça, se assim se sentir bem. Mas o que eu tenho visto são depoimentos sofridos e dolorosos de mulheres que exigem de si mesmas uma aparência que já não combina com a própria idade.
Mas não nos enganemos. Esse padrão da juventude eterna também chega ao universo masculino e aquela cor acaju também cobre as madeixas de muitos homens.
Bobagem. Envelhecer é um processo natural da vida e faz parte. Eu estou comprovando isso.

Saiba mais:
Bem-estar: atenção com os cabelos brancos
Alisar ou não alisar  

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Chico, um gatão na Terceira Idade.

Foto: Google
E o Chico Buarque fez aniversário e continua lindo em seus plenos 67 anos de idade. Está na Terceira Idade. Pois é. Os mitos também envelhecem, embora Chico continue um gato e muito charmoso. (foto:google)

As Nações Unidas usam o padrão de idade de 60 anos para descrever as pessoas mais velhas.  E o Estatuto do Idoso foi criado para regulamentar os direitos das pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. Portanto, Chico é uma pessoa idosa. 

Mas é claro que o processo de envelhecimento não começa na Terceira Idade e o que acontece com as pessoas ao longo dos anos varia bastante. As primeiras rugas de expressão. Cabelos embranquecendo. O fato é que a lei da gravidade não perdoa ninguém.
E uma coisa é certa: todos nós vamos envelhecendo desde que nascemos! A não ser... Benjamin Button!

Pois é. Lembrei agora do filme O curioso caso de Benjamin Button, direção David Fincher (2009). 
A história se passa em Nova Orleans em 1918. 
Benjamin Button (Brad Pitt) nasceu de uma forma rara, com uma aparência enrugada, como se fosse um velhinho de oitenta anos e com doenças de uma pessoa idosa. E com o passar do tempo ele rejuvenesce, invertendo o ciclo natural da vida. Ainda criança ele conhece Daisy (Cate Blanchet) que tem a mesma idade que ele, por quem se apaixona. 
O filme é uma fábula baseada no conto de F. Scott Fitzgerald (1896-1940), escrito em 1922.  É lindo e comovente.  Uma história de amor que começa na infância e segue com cumplicidade e companheirismo.
Vale muito a pena assistir. Até fiquei com vontade de rever esse belíssimo filme. É um show de interpretação de Brad Pitt e de Cate Blanchet.

Mas o post de hoje era pra ser sobre Andropausa... A partir dos 45 anos, pelo menos um em cada 10 homens começa a sentir os efeitos da Andropausa masculina. Tem até aqueles calores, mas é mais difícil ser diagnosticada. É a tal da menopausa masculina. Outros dados mostram que todos os homens, a partir dos 40 anos, sofrem uma redução gradativa de 1% ao ano na produção de testosterona, o hormônio sexual masculino. A gente já conversou aqui que a testosterona é produzida nos testículos e é responsável pelas características que identificam o homem, como a voz, a barba, pelos, musculatura e pomo de adão. Pois. Na andropausa há uma redução drástica na produção desse hormônio, o que acontece por volta dos 50 anos. 
E os efeitos podem ser devastadores, sendo os mais comuns: a disfunção erétil e a diminuição do desejo sexual (sim! eles também passam por isso), falta de atenção e concentração, perda da memória, desânimo, insônia, irritabilidade, mau humor e até  depressão em alguns casos.

Mas até nisso os homens saem em vantagem. É que ao contrário do que acontece com a menopausa que afeta todas as mulheres, já que todas passaremos pela falência dos ovários (achei essa denominação horrível e já me vi de luto quando os meus pararem de funcionar) e o fim do ciclo reprodutivo, apenas 20% dos homens enfrentarão a andropausa. 
Os demais continuarão reproduzindo espermatozoides até o final da vida.
Para escrever esse post fui em busca de informações e, acredite,  os dados sobre a idade em que começa a andropausa variam, mas os sintomas coincidem.  
Dá pra ver também que há um desconhecimento enorme sobre a andropausa e ainda muito preconceito e tabu envolvendo o tema.  Nesse ponto, há um coincidência já que existe também muito preconceito em relação à menopausa. Voltaremos a falar sobre a andropausa. 

Saiba mais:
Como o corpo envelhece
Bolsa de Mulher
Homens grisalhos (foto: George Clooney)
O curioso caso de Benjamin Button

domingo, 12 de junho de 2011

Meus cabelos estão ficando brancos.

É inevitável. O tempo passa. E "com um pouco de sorte, todas nós envelheceremos", como na reportagem Velha é você!
“Jovens, envelheçam.” A ordem é de Nelson Rodrigues, dada em entrevista ao amigo Otto Lara Resende. O recado era para a juventude transgressora dos anos 70. Hoje, soa quase como heresia. Vivemos, talvez mais do que nunca, um modelo social em que a juventude é algo a se agarrar, e a velhice, um mal a se combater. Mas a pergunta que sobra aqui talvez seja: o que, afinal de contas, é ser velho? Com todo o aparato que temos por aí, de quantidade e facilidade de informação a progressos cosméticos, tem gente batendo um bolão em todas as idades e fases da vida. Gente recomeçando aos 50, quebrando recordes aos 60, produzindo freneticamente aos 90 e escrevendo livros aos 20. Por que temos tanto repúdio à natureza: nascer, envelhecer, morrer? Por que queremos ser eternamente jovens? Medo da morte apenas? Vaidade descontrolada? O que, afinal, a velhice tem de tão feio?

Tenho pensado muito na velhice não como algo distante de mim, que um dia chegará. 
Mas como algo que já está em mim. Na aparência física, com os meus cabelos brancos, com os sinais do meu corpo e do meu rosto que me fazem perceber a velhinha que aos poucos vai se instalando em mim. Em parte isso não me incomoda. São sinais do tempo, marcas de uma história de vida. As rugas revelam que o tempo passou. 

Quanto aos cabelos brancos, ultimamente tenho me surpreendido com notícias sobre mulheres que resolveram parar de pintar as madeixas. 
Como na matéria Elas não passam em branco, que mostra a atriz Cássia Kiss, a escritora Anne Kreamer e a francesa Christine Legarde, ministra da economia.  
Anne Kreamer que escreveu o livro Meus cabelos estão ficando brancos, relata a crise de se olhar no espelho aos 49 anos e insistir na aparência de uma mulher de 34 anos. Ela começou a não se reconhecer ali, naquele lugar. Entendo perfeitamente. 
E assumo com tranquilidade os meus cabelos brancos.