domingo, 29 de maio de 2011

A Bela da tarde: "Sou uma mulher, não sou o mito".

Quando assisti o filme A Bela da Tarde (Belle de Jour) fiquei muito impressionada. O filme de Buñuel é de 1967, mas só fui vê-lo em meados dos anos oitenta. 
A história é sobre Sèverine (Catherine Deneuve) que é uma mulher belíssima, casada com um cirurgião de sucesso, mas profundamente infeliz em sua relação. Então, ela usa suas tardes de tristeza e solidão, para ir em busca de satisfação sexual. Com o tempo, Catèrine se acostuma àquela vida dupla até o dia em que aparece Marcel (Pierre Clement), um homem estranho e violento que se apaixona por ela e complica a sua vida.      (Foto: Google) 
A história é instigante, com cenas fortes - inclusive de estupro - mas é interessante pensar que fantasias e prazer sexual são fundamentais na vida daquela mulher que queria mais do que a aparência de um lar feliz. Belle de Jour é um lírio que floresce apenas durante o dia. Belle de Jour

Agora a Bela da Tarde vem ao Brasil para o Festival Varilux do cinema francês. Catherine Deneuve tem uma longa trajetória cinematográfica, com filmes de sucesso de diretores famosos e polêmicos como Buñuel, Polanski e Truffaut.
Impressiona também que apesar de toda sua história a imprensa destaque suas atuais formas e rugas - inevitáveis aos 68 anos.
Abaixo a entrevista no jornal O Estado de São Paulo

''Sou uma mulher, não sou o mito''

29 de maio de 2011 | 0h 00
Luiz Carlos Merten - O Estado de S.Paulo
Entrevista - Catherine Deneuve, atriz francesa
François Mori/AP
François Mori/AP
La Deneuve. "Eu me renovo como posso", diz a atriz que vem ao Brasil para o Festival Varilux

Passaram-se os anos - as décadas -, mas o tempo continua respeitando a bela da tarde. Catherine Deneuve é uma senhora, mas prescinde das plásticas e do botox para continuar impressionando. Se recorreu ao bisturi, foi com muita parcimônia. A silhueta é que está mais pesada. Ela não é mais a loira delgada que cantava e dançava com a irmã, Françoise Dorléac, em Duas Garotas Românticas (Les Demoiselles de Rochefort), de Jacques Demy. Mas canta no novo Christophe Honoré, Les Bien-Aimés, Os Bem-Amados, que encerrou o Festival de Cannes, no domingo passado.
No início da tarde daquele dia, Catherine recebeu um reduzido grupo de jornalistas - quatro, incluindo o repórter do Estado, mas um ficou mudo, decerto pelo choque provocado por estar diante do mito - para falar do filme e de sua extraordinária carreira. Ela fumou muito, mas sempre com o cuidado de não despejar a fumaça na cara dos interlocutores (não havia nenhuma mulher). Catherine prepara-se para viajar para o Brasil. Estará aqui nos próximos dias, como convidada especial do Festival Varilux do Cinema Francês que também vai homenagear, com uma retrospectiva, outra estrela, Sandrine Bonnaire.
Como curiosidade, vale destacar o que disse depois, em outra entrevista, Honoré: Catherine pode representar a França, como Dostoievski representa a Rússia e Oscar Niemeyer, o Brasil. Mas, para ele, Catherine não é nem o mito nem o ícone - é a mãe de sua amiga Chiara (Mastroianni, filha da belle toujours com outro gênio da representação, Marcello Mastroianni).
Como é voltar a cantar diante das câmeras?
Não sou do tipo que tenta construir uma carreira de cantora, mas quando as circunstâncias se apresentam e o papel exige, canto com o maior prazer. Christophe (Honoré) diz que sou muito afinada, mas o curioso é que Les Bien-Aimés não nasceu com a proposta de ser um musical. Ele encomendou uma música para o compositor Alex Beaupain, com quem havia trabalhado em Canções de Amor. Uma canção puxou a outra e, de repente, o filme virou musical, com 12 canções e 40 minutos de diálogo cantado.
É impossível não se lembrar de Jacques Demy. Que lembranças guarda de Os Guarda-Chuvas do Amor e de Duas Garotas Românticas?
Mas o importante não é a minha lembrança e sim, a sua. Para milhões de espectadores ao redor do mundo, esses filmes viraram obras encantadas. A reputação de Jacques é daquelas que não cessa de crescer. Filmes que, na época, foram mal recebidos hoje viraram referência. Ele amava as comédias musicais. O melhor é que, sob uma aparência de refinamento e frivolidade, ele conseguiu criar todo um universo crítico. Esse era o seu gênio.
São filmes dos anos 1960, quando você fez filmes transgressores, trabalhando com grandes diretores - Demy, Polanski, Truffaut, Buñuel, principalmente. O que a impulsionava a transgredir?
Mas era normal! Surgi com a nouvelle vague. Éramos todos jovens e aqueles diretores, que queriam ser autores, iam contra as regras estabelecidas. Tive a sorte de trabalhar com alguns, em filmes bem-sucedidos. Digamos que, naquela época, eu fui escolhida, mas, depois, quando pude escolher, segui com Don Luis (Buñuel) e agreguei (Marco) Ferreri, (Jean-Paul) Rappeneau, André (Téchiné). Minha carreira foi construída de encontros, não como uma estratégia, mas momentos de felicidade. Tenho muito orgulho do que fiz e continuo fazendo.
Justamente, a felicidade. Existe uma frase em Les Bien-Aimés, "Não existem casamentos felizes." O que você pensa disso?
Que não vou lhe falar dos meus casamentos (risos). Mas acho uma bobagem buscar a felicidade como um estado permanente. Seria um tédio terrível. Nós precisamos desses instantes de euforia, de plenitude, justamente para equilibrar os outros. A vida é injusta, cruel. Não se pode passar por ela sem perdas. O importante é o equilíbrio.
Gostei muito de outra frase. "Você pode acabar comigo, mas não me impedir de seguir te amando..."
(Ela cantarola para recuperar na lembrança a frase completa da canção) É uma concepção romântica, sem dúvida, mas que faz parte do conceito do filme. François (Truffaut) desconfiava do romantismo. Fez grandes filmes sobre pessoas que amam, a despeito da rejeição. O amor é sempre exigente, pode nos pregar peças. O importante é não se fechar para as emoções da vida.
Para ser a mulher que você se tornou, teve algum modelo?
Sou produto de uma era de mudanças, para a qual contribuí, mas se alguma vez tive uma modelo foi Louise Brooks a estrela de (G. W.) Pabst. Aquela foi uma mulher adiante de sua época.
Você se tornou uma espécie de madrinha do novo cinema francês, trabalhando com Honoré, François Ozon (Potiche) e outros jovens realizadores. Não é intimidante trabalhar com um mito?
Você teria de perguntar a eles, mas não sou um mito, sou uma mulher. No set, sou uma atriz como as outras e, às vezes, sou até a mais preocupada. Em Les Bien-Aimés represento com minha filha, Chiara. Fazemos mãe e filha. Eu tinha de cuidar para que os gestos e olhares, as palavras fossem da personagem, não meus. Mas é natural que eu trabalhe com jovens. O cinema renova-se, os autores da minha geração estão parando ou desaparecendo. Eles se renovam, eu me renovo como posso. Depois das mães, começo a fazer as avós. O importante é seguir com o prazer que o cinema me dá.
Você trabalhou com Milos Forman em Les Bien-Aimés. Como foi?
Já o conhecia. Ele é encantador, além de grande artista. E é um gourmet. Christophe (Honoré) me disse que nem precisou fazer força para contratá-lo. Bastou dizer que Milos teria todos os restaurantes de Paris à sua disposição e ainda estaria casado comigo. Milos foi galante - disse que, se era a única forma de se casar comigo, ele aceitava, com certeza (risos).
Você está indo ao Brasil para participar de um festival do cinema francês no Rio e em São Paulo. Será sua primeira vez?
Não, já estive algumas vezes, mas não o suficiente para ter uma ideia do País. O Rio é um dos lugares mais belos do mundo. Ouço que o Brasil mudou, evoluiu muito. Vocês têm uma presidente. O problema é que essas estadas são curtas. Quase não temos tempo de ver nem conhecer nada. Vou tentar fugir um pouco ao circuito fechado dos compromissos.
Para concluir, você trabalha com sua filha em Les Bien-Aimés. Chiara se tornou uma verdadeira atriz. E está linda...
É gentil de sua parte me dizer isso. Mas concordo. Estou muito orgulhosa do que Chiara conseguiu, na vida e na carreira. 


Uma vida dedicada à ciência

Hoje lendo essa matéria do Estado de São Paulo fiquei pensando sobre a beleza e a riqueza de uma vida inteira dedicada à academia, à ciência. Realmente admirável. E chama a atenção o fato de ser uma mulher. Isto porque pensando a forma como as relações de gênero e como os papeis sociais são determinados e perpetuados, é difícil imaginar como conciliar as exigências de uma trajetória profissional de sucesso e a vida pessoal. 
Para nós mulheres, sempre - ou na maioria das vezes - é bem mais complicado.
Lembrei de uma professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro que no Encontro Mulher e Ciência, em Brasília (2006) revelou em sua fala pública como é difícil ser uma cientista - bem sucedida - considerando as exigências da profissão, como por exemplo, a dedicação exclusiva. Deu o próprio exemplo, contando que antes de ir àquele encontro precisou fazer supermercado para abastecer a casa.
Aí pergunto: quantas de nós para ir ao trabalho, fazer viagens, participar de reuniões e mesmo exercer a nossa militância feminista, política ou social precisa buscar ajuda e em geral, a ajuda de uma outra mulher, seja a empregada doméstica, a mãe, a sogra? Quantas vezes precisamos ir ao supermercado, à feira, antes de fazer uma viagem de trabalho? 

Compartilho, além dessas reflexões, a matéria do Estado de São Paulo.


A bióloga que leciona na USP há 70 anos

Aos 93, Berta de Morretes mantém rotina de aulas, critica burocracia e vê professores 'acomodados'

29 de maio de 2011 | 0h 00
Mariana Mandelli - O Estado de S.Paulo
De dentro dos prédios da Universidade de São Paulo (USP), a professora Berta Lange de Morretes viu Adolf Hitler provocar a Segunda Guerra Mundial; o mundo se dividir em blocos econômicos durante a Guerra Fria; o Brasil passar por uma ditadura militar de mais de 20 anos; as mulheres conquistarem direitos; e os Estados Unidos ganharem seu primeiro presidente negro. Aos 93 anos, ela está completando 70 como docente na mais prestigiada instituição de ensino superior do País.
Jonne Roriz/AE
Jonne Roriz/AE
Exemplo. Berta, na sala que ocupa há 50 anos na USP: aulas na graduação e pós-graduação
Na USP, o professor se aposenta aos 70 anos. Mas, caso queira, pode continuar - só que de forma voluntária. Ou seja: ele não recebe nada por isso. Especializada na área de botânica, mais especificamente em anatomia vegetal, Berta ainda leciona: dá aulas em uma turma de graduação e duas de pós-graduação - e também desenvolve pesquisas. E não pensa em parar. "Estou estudando o efeito de radiações ionizantes sobre a estrutura dos órgãos das plantas", conta.
Berta ingressou na USP em 1938, na primeira turma do curso de História Natural (hoje, Ciências Biológicas). Formou-se em 1941 e nunca mais abandonou o Instituto de Biociências (IB) da universidade. Mesmo caminhando com dificuldade - sofreu um acidente há 15 anos, quando um ônibus do qual descia acelerou -, ela faz quatro excursões por ano com os alunos. "Eles vão à mata, colhem as plantas e trazem para mim. Explico dentro do carro", conta com a voz mansa, com um pouco de sotaque.
Nascida em 28 de junho de 1917, na cidade de Iffeldorf, na região dos lagos da Alemanha, Berta veio para o Brasil, mais precisamente para Curitiba (PR), aos 2 anos. Foi criada em uma casa onde o respeito às artes, à natureza e às pessoas era primordial. Seu pai, brasileiro, foi à Europa estudar zoologia e artes. A mãe deu aulas de canto para Jair Rodrigues e de empostação de voz para a atriz Irene Ravache.
O interesse por plantas e animais veio dos passeios que fazia com a família. "Criança, sempre que vê bicho, quer pisar, mas meu pai dizia: "Não pode, ele sente dor como você"", lembra. "Se a gente não obedecesse, ele nos dava um puxão para mostrar que doía mesmo."
A família veio para São Paulo entre 1934 e 1935 - ela não lembra ao certo -, quando seu pai foi convidado para ser um dos pesquisadores do Museu Paulista da área de zoologia. Foram tempos difíceis para o casal e os quatro filhos, que sobreviviam com o equivalente a R$ 600.
Mesmo com as dificuldades, ela e a irmã, Ruth, hoje com 91 anos, queriam estudar. "Quando contamos ao meu pai que queríamos entrar nesse curso novo, meus tios disseram que ele era louco de deixar", recorda-se. As duas passaram no vestibular - composto por provas oral, escrita e prática - com mais oito alunos: cinco homens e cinco mulheres. Ela se lembra do nome completo de todos.
As aulas eram em francês, italiano e inglês - a USP ainda estava se formando e, na falta de professores, os docentes vieram da Europa. "Na aula de um dos professores, um italiano, se errássemos, éramos chamados de "ignoranti" e "stupidi"", lembra, rindo.
Berta se lembra das dificuldades do início da instituição. "Quando mudamos para o Palacete Jorge Street, no centro, o departamento de botânica funcionava em cima de uma piscina", conta. "Colocamos um tablado nela e dividimos o espaço entre a sala dos professores e as salas prática e teórica. E estudávamos ali."
Esforço. Na Cidade Universitária, onde ocupa a mesma sala há mais de 50 anos, ela ajudou a construir uma estufa mergulhada para abrigar musgos e samambaias. "Tenho muitas recordações desse tempo em que a gente se esforçava para melhorar as condições para os estudantes. Não vejo isso hoje. Os professores novos estão mal acostumados, só fazem se há verba."
Ela também critica a burocracia que existe na universidade. "Como naquela época tudo era necessário, era fácil de fazer", lembra. "Hoje, se peço uma coisa para comprar, tem de fazer documento, orçamento, ver se vale a pena, atender comissões."
No IB, Berta também é conhecida por pagar mensalidades de faculdades e cursos para funcionários terceirizados do prédio - nos últimos dez anos, formou nove pessoas, entre advogados, professores e enfermeiras, e agora custeia os estudos de mais nove. Ao contrário dos irmãos, ela nunca se casou. "Sou solteira convicta", brinca, para depois corrigir: "Eu casei com a USP."
Prestes a completar 94 anos, ela tem dois desejos. O primeiro: quer que a USP cresça no mesmo ritmo de hoje, mas com mais segurança na Cidade Universitária. "Tenho medo de andar sozinha aqui", relata, lembrando do caso do aluno Felipe Paiva, de 24 anos, assassinado há 11 dias dentro do câmpus.
A outra vontade é ser cremada e ter suas cinzas espalhadas em volta do prédio do IB. "Especialmente ao redor de uma árvore atrás da administração, que tem uma placa com o meu nome", deseja. "Assim, vou continuar vivendo nela e aqui dentro da USP." 


domingo, 15 de maio de 2011

Belas, velhas e nuas

Essa semana li sobre um fotógrafo que durante 36 anos fotografou quatro irmãs para mostrar como o tempo age sobre nós. O resultado é impressionante, sobretudo a expressão facial e o olhar. No início, adolescentes, jovens e depois mulheres maduras, chegando à terceira idade. É inevitável. O tempo... poderosíssimo. As mulheres continuam belas mesmo com as marcas da idade, inevitáveis a todas as pessoas que envelhecem. Para conhecer: Fotógrafo passa 36 anos fotografando irmãs


Vendo as fotos das irmãs, lembrei de um filme que assisti há muitos anos: Garotas do Calendário (Calendar Girls, 2003) do diretor Nigel Cole, uma comédia que vale a pena comentar, principalmente quando estamos falando sobre envelhecimento.                                                                     Google: Helen Mirren, 65 anos.

Baseado em uma história real, o filme acontece em uma comunidade britânica do condado de Yorkshire. Uma jovem senhora de nome Chris e interpretada por Helen Mirren, é integrante do Instituto Feminino, que reúne mulheres para atividades como jardinagem, tricô e feitura de doces e geleias. Quando o marido de uma das mulheres morre de leucemia, Chris tem uma ideia para ajudar o hospital local. Inspirada em um calendário que a personagem tinha visto em uma oficina da cidade e também motivada pelo discurso deixado pelo recém-falecido marido da amiga, que comparava as mulheres de Yorkshire às flores típicas da cidade que tem seu momento .mais belo no pleno amadurecimento. A ideia de Chris é fazer um calendário com as integrantes do Instituto, mostrando suas prendas ou dotes domésticos. O único detalhe é que todas deveriam posar nuas.
As dificuldades são muitas, desde convencer as mulheres a participarem das fotos, passando pela contratação de um bom fotógrafo e, claro, fazer com que a diretoria do instituto apoie a ideia e conseguir um patrocinador.                                                                                  
Baseado em uma história verídica, o resultado é uma das mas belas coleções de fotos femininas, que mostra como aquelas mulheres continuam lindas mesmo após os cinquenta anos de idade. 
Trailer do filme: Calendar Girls

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Mulher é bicho esquisito. Todo mês sangra.


Nem sempre eu tive uma relação fácil com a minha menstruação. Somente quando eu entendi como funcionava o meu corpo e aprendi a conhece-lo é que a relação foi melhorando. Essa intimidade no entanto, não evitou que eu escapasse da TPM, período em que muitas vezes tive vontade de esganar o primeiro que passasse na minha frente. Mas, segundo pesquisa da Unicamp, a Tensão Pré-Menstrual atinge oito em cada dez mulheres. (Foto Botero. Google)

http://www.youtube.com/watch?v=oQY-7pAbByk&feature=related         
Hoje essa síndrome que acomete as mulheres em maior ou menor grau, no período que antecede a menstruação já é considerado um problema de saúde pública. A pesquisa realizada em julho de 2008 pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), mostra que 80% das 1053 entrevistadas tem ou já tiveram TPM. Os sintomas são nossos velhos conhecidos: inchaço, dor nas mamas, hipersensibilidade emocional e irritabilidade, muita irritabilidade. E tudo isso tem a ver com os hormônios. O nível de progesterona diminui no final do ciclo menstrual e provoca muitas dessas sensações.

Ainda segundo a pesquisa da Unicamp: 
  • 84,1% dos homens afirmam conhecer uma mulher com TPM;
  • 78,9% das mulheres acreditam que o parceiro consegue perceber quando ela está na TPM;
  • 54,6% das mulheres notam os estragos da TPM nos relacionamentos familiares;
  • 46,5% das mulheres percebem o impacto da TPM no trabalho.

A revista BoaForma traz algumas dicas sobre a Tensão Pré-Menstrual, com base nos dados da pesquisa da Unicamp: 

Para atenuar os sintomas da TPM e escapar dos incômodos desse período ajuda ter uma boa alimentação, beber muita água e fazer alguns exercícios. Tudo indicação da minha ginecologista. Nem sempre obedeci, mas que funciona, funciona. Diminuir a quantidade de sal, a ingesta de alimentos gordurosos, alcool, refri e cafeína. E a semente da linhaça ajuda a reduzir as cólicas e a alteração do humor.  

Durante mais de 30 anos tive uma menstruação bem regular, o que inclusive me possibilitou fazer a contracepção com o método da tabela e uso de preservativo. Fiquei grávida 4 vezes. Tive dois filhos e   dois abortos. Aprendi a conhecer o meu corpo, a lidar com ele da melhor forma possível, graças ao feminismo. Fiz oficina de auto-exame nos anos oitenta, com grupos de mulheres que também queriam saber mais sobre o seu próprio corpo. Tocar o colo do útero e sentir a textura da minha vagina. Entender como acontecia o meu ciclo menstrual. Aprender a reconhecer quando eu estava ovulando. Ser íntima de mim mesma. Foi com o feminismo que aprendi.  

Esse tal climatério. Quando completei 45 anos comecei a perceber algumas mudanças e alterações significativas em meu ciclo menstrual, que antes era de 28 dias. Mas também em meu corpo. Ganho de peso. Diminuição do fluxo. Diminuição dos dias menstruada. O cabelo mais ralo. 
Não entendia bem e de certa forma, me recusava a enxergar que eu estava sim entrando no climatério - transição do período reprodutivo para o não-reprodutivo. Eu estava envelhecendo e era difícil aceitar essa nova realidade. Depois entendi que todas as mulheres passam pelo climatério e o que varia é a intensidade dos sintomas em cada uma delas. Os calores. A angústia. Uma sensação de vazio que acomete o peito. Uma vontade de chorar sem ter um único motivo que justifique a tristeza. Foi daí que surgiu a ideia do blog. Falar sobre esse período que é tão desconhecido para a maioria das mulheres. Fazer a discussão sobre o climatério e a menopausa com o meu olhar feminista, com a minha praxis feminista. 

E, como diz Arnaldo Antunes, "A coisa mais moderna que existe é envelhecer."
http://www.youtube.com/watch?v=pp-EkY98Xe4&feature=related

Brancos. Por que não? Os cabelos brancos ainda são uma preocupação de muitas mulheres. Na foto ao lado, a atriz Cássia Kiss (51), a cantora Emylou Harris (62) e a escritora Anne Kreamer (53) exibem os seus cabelos grisalhos. 
A ditadura da beleza - que exige um determinado padrão - associou durante muito tempo, os cabelos grisalhos a um certo desleixo das mulheres. Mas ainda bem que isso está mudando e muitas mulheres tem lidado de forma mais tranqüila com 
 os seus cabelos brancos. Não há como fugir, pois mais cedo ou mais tarde os cabelos brancos aparecem, exatamente quando a raiz do cabelo deixa de produzir melanina. (Fotos divulgação/Rede Globo, Deborah Feingold e divulgação) (Google)    

http://veja.abril.com.br/141009/elas-nao-passam-em-branco-p-128.shtml
E a Menopausa?
A menopausa também acontece com todas as mulheres do mundo, depois do momento em que o corpo ultrapassa essa revolução chamada climatério. Que mexe com tudo. 
Ainda não estou na menopausa, porque enquanto houver menstruação o período é definido como climatério. Mas eu já decidi que quero atravessar todas essas fases da melhor forma possível. E estou me cuidando para que assim seja.

Esse post é parte da blogagem coletiva sobre a Segunda Vermelha. Campanha pela valorização da menstruação. Hoje vários blogs feministas vão falar sobre o assunto.

Para encerrar esse post, deixo um trecho do documentário da GNT "Mulheres Sem Pausa". Excelente.
http://gnt.globo.com/gntdoc/Noticias/Menopausa-e-tema-de-documentario-inedito-no--GNT-Doc-.shtml