quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Sobre a idade...

Outro dia, aqui mesmo no blog, falando sobre Dilma escrevi: ...Uma mulher como nós, de meia-idade, sessentona!

Agora relendo, achei graça! Faltam pelo menos 15 anos para que eu seja uma sessentona! Mas e daí?! A Marta (sim, aquela mesma, a senadora, a Suplicy) é uma sessentona! E é linda. Deslumbrante.
Recentemente vi uma foto dela com o novo namorado na praia. Ela estava de biquine e linda! Barriga (quase) de tanquinho...

Fiquei pensando sobre isso... a idade. A ditadura da juventude. A minha mãe escondia até de si mesma a (sua) própria idade e dizia que nenhuma mulher devia falar sobre isso. Por que?!

Acho que eu nasci velhinha... sempre tive um pouco além da minha idade. Um jeito de ser aliado às intempéries da vida. Filha única. Dois irmãos. A mais velha dos três.

Mas o que é a idade, se não um estado de espírito, uma forma de estar no mundo?
O climatério tem sido isso.
E eu aproveito cada minuto dessa vida.

Depois tem mais.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Os calores voltaram ou foi o verão que já chegou em Recife?

Depois de duas semanas sem condições de escrever no blog, de render minhas homenagens à Djavan, à Cecília Meireles, cá estou de volta.

Ainda sem muito tempo, pois participar ativamente da campanha para eleger Dilma Presidenta do Brasil, especialmente no segundo turno, me deixaram atrolhada de textos e relatórios para escrever. Mas, nenhuma queixa, apenas uma constatação.

Não sei se o verão já chegou em Recife, mas os meus calores voltaram a mil por hora...

Essa semana relendo O Segundo Sexo, de Simone de Beauvoir (Livro 1 - Fatos e Mitos, página 51) achei curioso quando ela diz:
..."entre quarenta e cinco e cinquenta anos desenrolam-se os fenômenos da menopausa, inversos aos da puberdade.
...observa-se então, ao lado da depressão da cessação do mênstruo, fenômenos intempestivos: baforadas de calor, hipertensão, nervosidade; há, por vezes, recrudescência do instinto sexual. Certas mulheres, então, acumulam banha em seus tecidos; outras, virilizam-se."

Faço, então, rápidos comentários:
Na puberdade, nós mulheres estamos desabrochando, nos abrindo para a vida. E no climatério, isso também é possível? Tenho cada dia a sensação de que é uma nova fase da minha vida, completamente diferente, com um outro ritmo... E estou aberta a possibilidades, sim.

As mulheres com quem eu tenho conversado, em geral não se importam muito com a ausência do mênstruo, ao contrário. Muitas comentam que essa é uma das partes boas da menopausa.

Literalmente, fenômenos intempestivos mesmo! Ondas de calores que nos tomam de repente no meio da tarde, no meio da noite, às vezes seguidos de suor frio.
Isso é ruim, é chato! Mas vai passar!

Nervosidade - adorei a palavra! Sim, aconteceu comigo por diversas vezes de ter sido tomada por uma vontade repentina e estúpida de esganar um ser vivo. Mas isso foi bem lá atrás. Agora, "ando devagar porque já tive pressa".
Estou muito mais tranquila e atribuo parte desse momento zen a maturidade, ao climatério.

Recrudescência do instinto sexual... que bom que isso passou e a minha libido voltou com todo gás. É verdade que fiquei um tempo fechada para balanço. Mas passou! Já falamos mais detalhadamente sobre isso outras vezes, aqui mesmo no blog.

Para encerrar, Simone diz que algumas mulheres 'acumulam banha em seus tecidos'... Quanto a essa parte, so tem uma alternativa. Ou melhor, duas. Diminuir a comilança e aumentar os exercícios.

Depois tem mais.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Motivo - Cecília Meireles

Cecilia Meireles (foto: estadão)
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre e nem sou triste:
Sou poeta.

Irmão das coisas fugidias
Não sinto gozo nem tormento
Atravesso noites e dias
no vento

Se desmorono ou se edifico
Se permaneço ou me desfaço
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo.
Mais nada.

Cecilia Meireles (1901-1964)