quarta-feira, 9 de junho de 2010

Os silêncios dos corpos

Uma feminista francesa chamada Michele Perrot, professora emérita da Universidade de Paris, diz que 'há longas datas as mulheres são esquecidas da história.'

Michele diz que "O silêncio que as aprisiona é impressionante. Ele se aproxima de seus corpos, e assimila sua função - anônima e impessoal - de reprodução. Aquele corpo exibido, objeto de observação e de desejo, nós falamos dele. Mas ele se cala. As mulheres não falam nem devem falar. O pudor, que prende seus membros e fecha suas bocas, é a marca desta feminilidade. Em seu âmago, o sexo a enche de mistérios. A origem do mundo, num quadro de Courbet, é representado pelo sexo da mulher, signo de uma evolução, índice de uma história".

Quando comecei a pensar sobre o blog também pensei em como estamos confinadas ao silêncio e algumas falas são ainda mais proibidas. As que falam sobre a sexualidade.

Desde pequena ouvi que as mulheres devem ser discretas. No vestir. No comportamento. Nos gestos.

Segundo Michele Perrot, "o silêncio das mulheres é ainda bem maior quando se trata de sua vida íntima. Até mesmo as etapas de transformação do corpo feminino são entendidos pela sociedade como muito menos solenes do que o dos meninos. A adolescência masculina é considerada uma crise violenta. Já a das garotas, como uma doce mutação que as transpõe à condição de reprodutoras. A ausência de educação sexual faz com que as primeiras menstruações sejam vistas com surpresa. Curiosa assimetria entre a glória do esperma viril e a sujeira do sangue feminino."

3 comentários:

  1. Concordo que as mulheres devem ser discretas no vestir, no falar, no comportamento, nos gestos.
    Não é coisa de antigamente, pois hoje não é comum encontrar alguém com tantos pudores.
    Deixar a curiosidade para alimentar o respeito.
    Sem tabus, claro.
    E sem exageros, né?!!!
    Xeros

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  2. Oi Suely! Ainda continuamos silenciosas - ou pelo menos as que estão na minha faixa etária - parece que é feio falar sobre nossos sentimentos, alegrias e dores...

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  3. Quero poder falar sempre. Questionar tabus. Mudar comportamento que não me deixa feliz. Um abraço!

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